Nos últimos anos, médicos e especialistas de saúde têm observado e alertado sobre o crescente número de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), anteriormente conhecidas como DSTs, entre os jovens. Este fenômeno preocupa não apenas devido ao seu impacto imediato na saúde, mas também pelas implicações a longo prazo e os riscos associados ao abandono do uso de preservativos.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil testemunhou um aumento alarmante de ISTs, não apenas entre os jovens, mas em todas as faixas etárias, ao longo da última década. Em particular, mais de 52 mil jovens que viviam com HIV desenvolveram AIDS durante esse período. Esse aumento é ainda mais preocupante entre os jovens de 15 a 24 anos, que estão em maior risco devido ao abandono do uso de preservativos.
O uso de preservativos entre os jovens caiu significativamente, de 47% em 2017 para 22% em 2019, um declínio preocupante que coincide com o surgimento de aplicativos de relacionamento virtual e o aumento do sexo sem proteção entre os usuários durante a pandemia da Covid-19.
Os dados do Unaids, programa das Nações Unidas especializado na epidemia, revelam que o Brasil viu um aumento de 21% no número de novos casos de infecções por HIV de 2010 a 2018, em contraste com a tendência mundial de queda de 16% no mesmo período.
No entanto, as ISTs não se limitam ao HIV. Infecções como gonorreia e HPV também estão em ascensão no país, representando uma ameaça adicional à saúde pública.
Mauro Romero Leal Passos, coordenador do setor de DST da Universidade Federal Fluminense (UFF) e fundador da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST), destaca que muitas dessas doenças podem ser assintomáticas por meses ou anos, o que dificulta o diagnóstico precoce e aumenta o risco de transmissão.
As ISTs são causadas por mais de 30 vírus e bactérias e são transmitidas principalmente por relações sexuais desprotegidas e contato com secreções corporais contaminadas. Elas não apenas causam lesões nos órgãos genitais, mas também podem levar a complicações graves, incluindo câncer, problemas neurológicos e cardiovasculares, e até mesmo a morte.
Além dos impactos físicos, Passos destaca as sequelas emocionais e sociais associadas às ISTs, incluindo distúrbios psiquiátricos e problemas no relacionamento.
Outro fator preocupante é que essas infecções aumentam significativamente a vulnerabilidade dos pacientes ao HIV, elevando em até 18 vezes o risco de infecção pelo vírus da AIDS.
Diante desse cenário preocupante, é crucial intensificar os esforços de prevenção, educação e acesso aos serviços de saúde, incluindo a promoção do uso de preservativos, testagem regular e tratamento adequado das ISTs. Somente com uma abordagem abrangente e colaborativa, podemos reverter essa tendência preocupante e proteger a saúde e o bem-estar de nossa população jovem.
Matéria escrita e corrigida por Amanda Costa
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